Nos dias 16 e 17 de julho o Rio de Janeiro recebeu o Anime Friends. Foram três anos de espera desde a edição anterior, e dessa vez eu decidi não fugir do credenciamento de imprensa. Graças ao conteúdo divulgado das duas edições que o Renan cobriu em São Paulo, foi fácil ele conseguir outra credencial. E eu cobri o meu primeiro Anime Friends.
Quase deu errado
Faltou pouco pra eu não ir. Infelizmente eu sou o tipo de pessoa que desiste fácil das coisas, por mais que eu queira muito fazer algo. Por circunstâncias offline várias vezes bateu o sentimento de jogar as mãos pro alto e o que tivesse de acontecer, que fosse. A vida que eu levo não é tão saudável, e isso criou em mim insegurança com a qual eu ainda brigo feio.
Mas felizmente deu certo
O colecionável que melhor define a maior parte do público alvo do Anime Friends
O Expo MAG, onde aconteceu o Anime Friends RJ, não é nada perto de onde eu moro. Fez jus ao Anime Friends Tour, porque eu passei no mínimo por sete bairros diferentes. Quando eu cheguei, que alegria. Ver aquele monte de gente esquisita, com camisa de tokusatsu, kimono do Tanjiro de Demon Slayer, boné de Naruto.
A experiência de ir ao evento foi cansativa como o Renan me alertou que seria. Mesmo o Expo MAG não sendo gigantesco, ele tem um bom espaço: quanto mais eu andava, mais parecia que faltava alguma coisa pra ver. As lojas estavam com preços legais, e eu saí feliz por ter um pouco de cada anime que eu gosto.
Ainda assim bateu uma tristeza real
Senti muita falta de ter uma companhia no Anime Friends. Me senti sozinha em vários momentos, bateu a inveja de ver a galera que estava andando junta, pulando nos shows, parando pra comer em grupo. Por mais que a minha rotina seja solitária e eu tenha me acostumado com isso, não torna menos triste.
Eu decidi ir apenas no domingo, pois teria um baita problema de logística ir no sábado, mesmo que o miolo das atrações fosse nesse dia. Não fiquei tão triste por isso, foi uma decisão consciente. Apesar disso eu me diverti bastante pelo simples fato conseguir de sair de casa - e de ir a um evento, coisa que eu raramente faço.
Uma surpresa realmente bem-vinda
Eu cheguei na hora do show da banda Anime Project. Não tinha me animado a ideia de ir para o Anime Friends pra ouvir anisongs, porque parecia desperdício de tempo. Sabe quando você vai ao restaurante e quer comer uma comida que normalmente não faz em casa? Eu pensei algo assim. E foi uma grande besteira. A banda não só foi competente como envolveu a galera, e na parte do show que eu peguei, me diverti demais.
Não tem jeito: quando toca Sorriso Resplandecente, a abertura de Dragon Ball GT, eu me acabo de cantar. Aí junta a abertura de Pokémon e Pegasus Fantasy, não tem coração idoso que aguente. Quase chorei.
O Japão inventou o carisma e eu posso provar
Na esquerda é o Hiroshi Watari, e na direita é o Takumi Tsutsui
Meu foco do dia era ver a palestra do Hiroshi Watari e do Takumi Tsutsui, o Sharivan e o Jiraya originais. Os dois são puro carisma e simpatia, e dá pra ver que eles adoram o Brasil. Nunca tive intimidade com tokusatsus além do básico -Jaspion, Jiraya e Kamen Rider principalmente - então a experiência foi mega divertida. Fiquei encantada, e agora eu quero ver uns 5 tokus diferentes, risos.
Depois da palestra deles eu fui andar e ver mais do evento. No domingo teve palestra sobre kpop, sobre a dublagem de Jujutsu Kaisen, vários cosplayers legais tirando foto com a galera, estações de jogos com Marvel vs Capcom Infinite, Dragon Ball FighterZ e mais. Tinha até um artist valley modesto, mas tinha.
Ao infinito e além da emoção
Vou ser honesta: não tava muito animada pra ver a palestra do Guilherme Briggs. Duas mancadas num dia só, heh. Piorou porque mais ou menos uma hora antes as pernas pediram arrego e eu morri sentada num cantinho - pelo menos era perto do palco. Mas no fim eu acabei me animando de ir pro meio da galera e... Valeu 100% a pena.
Deixou meu coração quentinho ver o quão pé no chão e carismático é o Briggs. Eu sei que existe toda uma teoria de que o dublador na verdade não é assim, mas quer saber? Não ligo. A imagem positiva do Briggs é no que eu escolhi acreditar, e a menos que eu veja algo que me decepcione, vou continuar achando ele o verdadeiro homem sancto. (Afinal tem que ser santo pra ficar na internet)
A saída do Anime Friends RJ 2022
O primeiro AF foi com o Armadura Nerd. Quem sabe o segundo não vai ser com o Café Nerd?
Antes de ir embora eu parei num canto pra mandar mensagem pra minha mãe e dizer como estavam as coisas, responder umas coisas que ela perguntou, e deu vontade de chorar. E eu chorei. Mesmo que o Anime Friends daqui tenha sido menor em proporção, foi muito divertido. Poder estar no meio de gente que curte as mesmas coisas que eu, foi muito bom mesmo.
Mas isso abriu uma ferida antiga: a forma incompetente que eu venho vivendo a vida. Pela metade, cheia de arrependimentos, perdendo oportunidades e experiências. Doeu um bocado.
Entretanto, eu chorei também por um motivo feliz: eu me diverti, esqueci dos problemas, e vi que é isso mesmo o que eu quero pra minha vida e carreira.
O meio de cultura pop/nerd é saturado, competitivo, mas sempre aparece a brecha pra mais um entrar. E eu tô correndo atrás da minha. É difícil fazer isso com a pressão de quem mais deveria apoiar, e comigo cobrando eu mesma. Síndrome de impostor que fala, né?
Eu sei que sou burra e passiva-agressiva, que eu devia ter mais voz. Mas eu também sou a pessoa que foi no primeiro Anime Friends, e isso abriu os olhos de uma forma positiva que eu não esperava.
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